1 de mar. de 2011

nova etapa

admito que este blog está meio abandonado... falta de tempo justifica. como novidade, passei a colaborar com o blog do grings. eventualmente, vou migrar alguns posts de lá, pra cá. como é o caso desse, publicado originalmente no dia 18 de fevereiro.
a desconfortável sensação de inquietudo, é o título.

Divulgação Focus Filmes#

Hoje tem estreia por aqui. Leia o texto de Ana Bittencourt (locutora da Itapema Santa Maria e agora também colaboradora do Blog do Grings
) sobre o novo filme de Javier Bardem
Por vezes, assistir a um filme do cineasta Alejandro González Iñárritu pode deixar no ar aquela incômoda sensação de desconforto e inquietude. Ainda que a trajetória cinematográfica do diretor já seja conhecida de muitos cinéfilos, sempre podemos nos surpreender pela arte e talento deste jovem diretor mexicano que já está escalado na primeira divisão do cinema mundial.
Biutiful (2010) é a mais recente produção de Iñarritu e o primeiro longa do diretor depois de seu rompimento com o roteirista Guillermo Arriaga, que colaborou em filmes como Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006). Apesar do nome, Biutiful (uma corruptela de beautiful), não é um filme bonito. Ao contrário. Esteticamente falando, é denso, é escuro e feio. O céu é cinza e sempre tem fumaça sobre a cidade. Mas a beleza do filme talvez esteja na forma de retratar as dores do mundo de maneira real e profunda.


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A história gira em torno de Uxbal (Javier Bardem, melhor ator na XXV edição do Prêmio Goya), um médium que cuida sozinho dos dois filhos pequenos e toca a vida explorando imigrantes africanos e chineses numa Barcelona deteriorada e decadente. Cresceu sem conhecer o pai. Da mãe, só tem um anel como lembrança. Separado da mulher bipolar e usando de seu dom mediúnico para arranjar alguns trocados, Uxbal recebe a notícia de que um câncer terminal lhe dá direito a dois meses de vida.


Divulgação Focus Filmes


A partir daí, o personagem mergulha em pequenos conflitos, ao mesmo tempo em que tenta se despedir da vida e dos filhos e se prepara para conhecer o pai que nunca viu. A história reserva ainda outras surpresas improváveis, porém, com grande poder de reflexão. A temática da morte está muito presente, nos lembrando a todo instante quão efêmera é a vida.

Bardem novamente surge nas telas como um personagem convincente e extremamente humano, conseguindo nos comover, sem escorregar na pieguice. É por vezes mercenário, mas sabe retribuir à sua maneira, sem deixar de se emocionar com os dramas existenciais dos outros personagens da trama, com etnias diferentes da sua, característica recorrente nos filmes de Iñarritu.


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Iñarritu e Bardem. Foto: divulgação Focus


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Biutiful é um daqueles filmes que provoca nossa reflexão, desses que nos fazem pensar no drama dos personagens durante dias. O espectador sai do cinema com aquele aperto no peito, sem saber exatamente de onde ele vem. Ao contrário do que se pensa, não é mais um longa com temática espírita (graças a Deus). Mas ao mesmo tempo em que trata de questões essencialmente subjetivas, também nos apresenta problemas reais, como imigração, condições de vida subumanas, comércio de produtos ilegais e corrupção policial. Mas antes de tudo, o recado final que ficou ressoando é apesar de tanta diferença e desigualdade, a condição humana ainda não sacou que apesar de todos termos o mesmo fim, continuamos recorrendo em velhos erros e tolices. E que sempre é hora de recomeçar, nessa ou em outra vida.

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Confira abaixo uma entrevista com o cineasta mexicano.

Um comentário:

Daniela Laidens disse...

eu assisti já faz um tempinho... é tipo de filme, que quando acaba a gente fica pensando, pensando... pensando...
eu gostei e recomendo !